Filho ou empregado?

Desânimo, cansaço, ressentimento, culpa e medo. Estes podem ser sintomas de uma espiritualidade mal orientada. Falando assim, parece uma doença. É quase isso. A chamada espiritualidade autocentrada é mesmo uma espiritualidade adoecida.
O indivíduo espiritualmente autocentrado lembra o egocêntrico: só pensa em si, só fala de si. Mas, se o egocêntrico serve a si mesmo, o espiritualmente autocentrado serve aos outros. Ele só pensa em si mesmo, porque está preocupado com seu desempenho: “Tenho que trabalhar. Tenho que servir. Tenho que fazer”. Preocupar-se com o próprio desempenho é fundamental para melhorar e amadurecer. No entanto, quando se trata de espiritualidade, a motivação é mais importante que o resultado. Você pode pregar e cantar bem, mas seu coração pode estar no lugar errado (Isaías 29.13; Mateus 15.8).
Quando estamos espiritualmente autocentrados, ou seja, quando a nossa principal preocupação é como estamos nos saindo em nosso serviço – dentro e fora da igreja, o que nos move é o desejo da recompensa e o medo da censura. O espiritualmente autocentrado é uma trabalhador, um empregado. E quem trabalha, trabalha para ser pago. Esta é a lógica do trabalho. Nada é de graça, tudo é por mérito.
Mas a espiritualidade cristã propõe exatamente o oposto: tudo é de graça, nada é por mérito (1 Corítios 4.7; Efésios 2.8). Se trabalhamos, e trabalhamos duro, para manifestar o Reino neste mundo, não é porque esperamos pagamento. Não trabalhamos para aumentar as propriedades de um patrão que não passa de um estranho. Não! Estamos trabalhando, lado a lado com nosso Pai, em suas terras, que são também nossas, porque somos seus filhos e herdeiros (Mateis 21.28-33; Romanos 8.17). “Tudo o que é meu é teu”, diz-nos o Pai (Lucas 15.31). Sabemos o que isso significa?
Deus não é seu patrão, mas seu Pai. Sabe como o filho se diferencia do trabalhador e se reconhece como filho? O filho se senta à mesa e come com o Pai, sem dívida, culpa ou medo. O sentimento de dívida, como o medo, produz muitas coisas úteis, exceto amor. Mas a dívida já está paga. Só um coração grato ama; e só um coração satisfeito agradece (Lucas 7.36-47). O Pai nos chama à mesa para nos alegrarmos, porque o cordeiro foi morto para que comamos e nos saciemos (Mateus 26.26; Lucas 15.23).
Paulo Nishihara
Voluntário do Departamento de Missões e Jovens da IECP Sede.

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