Paternidade

Alguns de nós temos dificuldades em nos relacionarmos com Deus, o Pai. Cantamos e oramos ao Filho e nos perguntamos: “O que Jesus faria?” Mas quando Jesus fala sobre o Seu Pai, Ele toca em questões que nos afetam mais do que imaginamos.

Talvez nosso problema seja o fato de Seu Pai não responder nossas orações da maneira que queremos. Ou talvez porque pensamos nele da maneira que pensamos em pais biológicos que conhecemos. Muitos em nosso meio jamais ouviram de seus pais as palavras, “Eu te amo.” Muitos herdaram um legado de abandono, vícios e até abusos.

Até os melhores pais falham conosco e nos deixam quando morrem. De uma ou outra maneira, todos nós fomos afetados pelo que a Bíblia considera “o pecado dos pais”.

OS PECADOS DOS PAIS

A mesma Bíblia que diz para honrarmos nossos pais também registra as falhas morais dos patriarcas Adão, Noé, Abraão, Jacó, Davi e Salomão.

O Novo Testamento também reconhece a tendência dos pais em provocar seus filhos à ira (EFÉSIOS 6:4). Outra passagem faz uma distinção entre os pais que nos disciplinam da melhor maneira que sabem e o Pai celestial que sempre sabe nos corrigir para o nosso próprio bem (HEBREUS 12:9-10).

Nestes dias, nos quais desejamos um retorno aos valores familiares, é desconcertante reconhecer que é difícil encontrar o exemplo de um bom pai, na Bíblia. Mas talvez este desapontamento possa nos ajudar.

UM PAI DIFERENTE

Uma mulher que conheço contou-me que em sua procura por um pai diferente de seu pai biológico, encontrou-se com o Pai celestial. Ela expunha a esperança do salmista Davi ao escrever: “Porque, se meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me acolherá.” (SALMO 27:10).

Davi repetiu a ideia de que Deus é o “Pai dos órfãos” em outro verso (SALMO 68:5), mas foi Jesus quem nos fez compreender melhor o Pai celestial.

O PAI DE JESUS

As Escrituras não falam muito sobre o relacionamento entre Jesus e José, o homem que se casou com a mãe de Jesus e o educou como seu filho. Mas ao contrário, com a idade de 12 anos Jesus já se relacionava com Seu Pai eterno. Ao ficar em Jerusalém após a Festa da Páscoa, Jesus disse a Maria e José: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?” (LUCAS 2:49).

Anos mais tarde, quando por volta de 30 anos, Jesus iniciou Seu ministério Ele falava muito sobre o Pai. Disse aos Seus discípulos que havia vindo para levá-los ao Seu Pai, que falava e agia através dele (JOÃO 14:8-11). Quando um deles lhe pediu que lhes mostrasse o Pai, Jesus respondeu: “Quem me vê a mim vê o Pai.” (v.9).

Em seguida, quando estava pronto a completar o trabalho que Ele disse que Seu Pai lhe dera para cumprir, Jesus disse aos Seus amigos que estava partindo para lhes preparar um lugar na casa de Seu Pai (JOÃO 14:2). E disse também: “vou […] para o Pai, pois o Pai é maior do que eu” (JOÃO 14:28).

Por tudo que Jesus já disse sobre Seu Pai, é evidente que Ele quer que confiemos em Seu Pai, e no que Ele faz.

UM PAI COM DIMENSÕES BÍBLICAS

No entanto, muitos em nosso meio, ainda não encontraram a ajuda que procuram em um Pai invisível. Inquietamo-nos quando o nosso Pai eterno não responde nossas orações no momento e da maneira que gostaríamos. Temos a certeza que, por mais imperfeitos que sejam os nossos pais, se eles tivessem dez mil anjos para ajudá-los, eles certamente nos dariam a ajuda que o nosso Pai eterno deixou de nos dar. Em diversas ocasiões nos ouvimos repetindo as conhecidas palavras do salmista e de Jesus, “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (SALMO 22:1; MATEUS 27:46).

Mas de onde tiramos a ideia de que o nosso Pai celeste deve seguir o roteiro que escrevemos para Ele? Se Jesus era igual ao Seu Pai, então Suas ações eram tão imprevisíveis quanto imutável era o caráter de ambos. Jesus não dizia aos Seus discípulos o que eles esperavam ouvir. Ele não usava Sua força para fazer tudo que eles queriam que fizesse. Ele tinha planos que os discípulos não conseguiam compreender. Mas, no final, apesar de toda esta imprevisibilidade, Jesus lhes revelou um Pai que lhes deu mais do que eles esperavam.

Em retrospectiva, os amigos de Jesus reconheciam o quanto Jesus tinha sido fiel a eles. Quando acharam que morreriam durante a tempestade (MARCOS 4:37-38), e quando toda a esperança esvaía-se, Jesus os surpreendeu mostrando-lhes que o Seu Pai tinha a capacidade de acalmar a tempestade, ressuscitar os mortos, e substituir o desespero pela esperança.

Este Pai que se revelou através de Jesus não é igual ao papai que nos acolhe em seus braços, nos coloca sobre seus ombros, e nos apoia em eventos escolares. Mas isto não significa que Ele é um mistério como alguns de nós achamos. Jesus é exatamente como Deus e Deus é exatamente como Jesus.

Em Seu interior e em Sua personalidade, Jesus é exatamente como o Pai, que “amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito” (JOÃO 3:16).

É diferente do que pensar que Jesus veio para nos proteger de Seu Pai. Quando vemos Jesus morrendo e intercedendo por nós, e permitindo que usemos Seu nome para nos aproximarmos do Pai, não quer dizer que o Filho é mais misericordioso do que o Pai. Mas esta sinergia acontece porque o Pai e o Filho concordam perfeitamente sobre o amor que sentem por nós.

Pai celestial, nós precisamos nos desvencilhar dos problemas que tivemos com os nossos próprios pais, e, que têm anuviado a nossa confiança em ti. Há tanto ainda por aprender sobre Tua pessoa. Por favor, ajuda-nos a reconhecer tudo o que Tu queres nos mostrar sobre a Tua paternidade, no andar e nas palavras do Teu Filho Jesus.

Por isso a sabedoria do texto bíblico assevera que “a coroa dos velhos são os filhos dos filhos; e a glória dos filhos são os pais” (Pv 17.6). Os filhos dos filhos são uma coroa para um homem, porque mais do que uma conquista (gerar um filho) ele estabeleceu um processo: formou um pai capaz de formar outros filhos!

Minha oração hoje é que a paternidade de Deus revelada em Cristo Jesus redima e renove suas convicções sobre filiação e paternidade de uma forma que as relações ao seu redor provém uma maneira totalmente inédita de ser filho, filha e pai!

Fonte: PRESENTE DIÁRIO

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