Três causas para o desânimo

por: Paulo Nishihara
O cristão é um filho do Pai que serve aos da família da fé e aos estrangeiros. Servindo, um dos grandes obstáculos que se lhe colocam é o desânimo, inevitável, mas superável. A superação começa na identificação das razões que nos fazem desanimar. São muitas, mas quero me deter a três.
Desanimamos quando nos esquecemos de quem nos chamou. Para o cristão, serviço é vocação, ou seja, chamado. Trabalhamos, porque fomos escolhidos para trabalhar, seja lá o que fazemos. Nosso trabalho é uma expressão da nossa identidade. Não é ela toda, mas uma parte importante dela. Quem nos chamou? Quem nos deu um nome, uma identidade, nos tirando do meio da multidão e dizendo: “Tu és Pedro”?. O chamado não é um emprego. Num emprego, sucesso e fracasso quase sempre ficam por nossa conta. Estamos sozinhos. Mas no chamado, não. Quem nos chamou se responsabiliza por nós, pelo chamado e pelo sucesso do chamado.
Precisamos ficar sozinhos – no quarto e no nosso coração – para nos encontrar com quem nos chamou. 
Desanimamos quando deixamos de ouvir quem nos chamou para ouvir os outros. As pessoas nos cobram o tempo todo, ansiosas e insatisfeitas com nossos resultados e nós fazemos o mesmo com elas. Mas é a essa voz que me cobra que eu atendi quando me dispus a servir no Reino de Deus? É essa voz que me inspirou a dar a cara a tapa? É essa voz que me consolará no fim do dia? Nós sabemos que a resposta é não. A voz de quem nos chamou nos fala em outro sentido. Quem nos chamou nos colocou onde estamos e é ele o fiador do nosso chamado. Ninguém mais sabe o que está exatamente acontecendo conosco; apenas Ele.
Precisamos ficar em silêncio – silenciar a si mesmo e aos outros – para ouvir quem nos chamou.
Desanimamos quando perdemos de vista a dimensão de quem somos e do que fazemos. Não somos heróis e nem temos superpoderes. O ministério não é uma aventura emocionante nem um empreendimento grandioso. O serviço cristão consiste sobretudo em cuidar de pessoas. Ou melhor, gente quebrada cuidando de gente quebrada. Fomos chamados a salvar o mundo? Não. Não somos salvadores. Quem havia de salvar alguma coisa já salvou, nosso Senhor Jesus Cristo vindo em carne. Eis uma lição de humildade: saber que somos pequenos e que o que fazemos é menor ainda; aprender a ser pequenino e a encontrar a glória e a dignidade que existem na simplicidade. Talvez não queiramos aparecer nem ser vistos; mas ainda assim queremos ser aplaudidos e reconhecidos. O desejo do reconhecimento é comum, mas não pode ser a nossa principal motivação.
Precisamos olhar para nós mesmos e para o que fazemos com olhos menos vorazes e mais misericordiosos, os olhos do Pai, e reconhecer que somos pequeninos.

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